top of page

Câncer de Bexiga e Rim


Dr. Hamilton de Campos Zampolli

Médico Urologista

CRM 62512


Câncer de Rim


O tumor renal é a terceira neoplasia urológica mais comum, depois do câncer de próstata e bexiga. Corresponde a cerca de 2 a 3 % de todas as neoplasias malignas em adultos. É duas a três vezes mais frequente em homens, sendo mais prevalente entre os 55 e 70 anos de idade.


Este câncer apresenta-se, na maioria das vezes, sob a forma esporádica, mas há casos hereditários, associado a doenças genéticas como a doença de von Hippel-Lindau, a esclerose tuberosa, o carcinoma renal familiar, a síndrome de Birt-Hogg-Dubé, o carcinoma renal papilar hereditário e leiomiomatose familiar. As formas hereditárias acometem geralmente indivíduos mais jovens.


O tabagismo é o principal fator de risco, sendo responsável por cerca de um terço dos casos. Outros fatores comprovadamente relacionados ao câncer de rim são a obesidade e hipertensão arterial sistêmica. Em pacientes com insuficiência renal crônica, em tratamento dialítico, bem como portadores de doença renal multicística adquirida, o risco de desenvolver o câncer renal eleva-se de 3 a 6 vezes. O Diabetes mellitus, dieta rica em gordura animal e consumo crônico de certos analgésicos tem sido considerados fatores de risco para tumores renais, porém a literatura médica carece de estudos que confirmem esta relação.


Tipos


A maioria dos tumores renais é composta pelo carcinoma de células renais (CCR), correspondendo a 90% dos casos. Destes, o mais comum é o carcinoma renal de células claras, seguido pelos subtipos papilífero e cromófobo, respectivamente.


Sintomas


Devido à disseminação da utilização mais frequente de exames de imagem abdominal como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, a maioria dos tumores renais (67%) diagnosticados atualmente ocorre de forma incidental, sem que o paciente apresente qualquer sintoma. São em geral tumores pequenos e de bom prognóstico. Doenças de maior volume podem apresentar sintomas como sangue na urina, dor na região lombar ou tumoração palpável na região abdominal ou nos flancos. Tumores avançados podem estar associados a sintomas menos específicos como emagrecimento, febre, hipertensão e perda de apetite.


Diagnóstico


Em geral, o primeiro exame a suspeitar do tumor renal é a ultrassonografia abdominal. Frente a este resultado, deve-se estabelecer o diagnóstico, que é fundamentado nas características da lesão à tomografia computadorizada. Esta também é útil para o estadiamento da doença. A ressonância nuclear magnética é utilizada em casos específicos, como alergia ao contraste iodado, durante a gestação ou para avaliação de trombo neoplásico no sistema venoso. Na maioria das vezes, não é necessária nenhuma biópsia da lesão, uma vez que a tomografia e ressonância magnética possuem elevada acurácia diagnóstica.


Tratamento


O câncer de rim é o mais letal dentre os tumores urológicos. Não responde a quimioterapia convencional, nem mesmo a radioterapia. A cirurgia continua sendo o único tratamento curativo para o câncer renal localizado, diagnosticado precocemente. Esta pode ser nefrectomia radical (retirada de todo rim) ou nefrectomia parcial (retirada da parte do rim afetada pelo tumor) a depender da extensão e localização do tumor. A abordagem cirúrgica pode ser realizada por cirurgia tradicional aberta, por laparoscopia ou laparoscopia assistida por robô. Casos considerados excepcionais e criteriosamente selecionados podem ser tratados com terapia ablativa (crioablação e radiofrequência), e até mesmo submetidos a uma monitorização ativa e periódica, especialmente em idosos extremos ou em pacientes com outras comorbidades de gravidade, com comprometimento clínico significativo e baixa expectativa de vida.


Pacientes com doença avançada, metastática, podem ser tratados com terapia imunológica ou através do uso de drogas inibidoras da angiogênese (terapia alvo-molecular), que diminuem a formação de vasos sanguíneos que nutrem o tumor. Estas medicações, associadas ou não a cirurgia, podem controlar a doença, fornecer uma melhor qualidade de vida e um ganho significativo na sobrevida destes pacientes, embora, infelizmente, não possam oferecer a possibilidade de cura.


Prevenção


Hábitos de vida saudável, com uma dieta equilibrada, atividade física regular, controle do peso e principalmente não fumar são fundamentais para uma vida longa e saudável. Exames periódicos, embora não possam evitar o câncer, colaboram para um diagnóstico precoce da doença, no momento em que o tratamento pode oferecer taxas de cura acima de 90%, sem comprometimento da qualidade de vida.


Números e estatísticas:


  • A maioria das pessoas diagnosticadas com este câncer tem em média 64 anos;

  • O câncer de rim está entre os 10 mais comuns em homens e mulheres;

  • O risco é de 1 entre 48 homens e de 1 entre 83 mulheres;

  • Os diagnósticos de câncer renal aumentaram desde 1990, e por mais que as razões não sejam totalmente claras, este número elevado pode estar ligado às novidades tecnológicas em máquinas de tomografia computadorizada, que hoje em dia ajudam a detectar problemas mais claramente;

  • Quando diagnosticado precocemente, as chances de sobrevida são de 81%;

  • Estatísticas americanas estimam que anualmente são descobertos cerca de 51 mil novos casos.


Câncer de Bexiga


O câncer de bexiga representa a segunda neoplasia do trato genitourinário mais comum no Brasil, inferior apenas ao adenocarcinoma de próstata. De acordo estimativas para o ano de 2018, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) acredita que serão descobertos 9.480 novos casos, sendo 6.690 em homens e 2.790 em mulheres. Só no Estado de São Paulo, acredita-se que 2.090 homens e 730 mulheres vão ser diagnosticados.


O risco de câncer de bexiga é maior no idoso, sendo que 90% dos casos ocorrem após os 55 anos de idade. Trata-se do quarto câncer mais comum em homens e acomete cerca de 4 homens para cada mulher. Predomina nas pessoas de raça branca.


Existem diversos fatores de risco relacionados ao câncer de bexiga, todavia, indiscutivelmente o tabagismo representa o mais significativo, além de estar associado a maiores taxas de recorrência e progressão de doença. Estudos mostram uma prevalência 2 a 4 vezes maior de câncer de bexiga nos fumantes comparado aos não fumantes. Outros fatores de risco associados são exposição ocupacional, principalmente no caso de trabalhadores em indústrias de tinta, borracha e petróleo. Aqueles pacientes que recebem ciclofosfamida em tratamentos quimioterápicos também risco aumentado de desenvolver câncer de bexiga.


Tipos


O principal tipo histológico de câncer de bexiga é o carcinoma urotelial, derivado do revestimento interno da bexiga e responsável por cerca de 90% dos casos. O segundo tipo mais frequente de tumor vesical maligno é o carcinoma escamoso, representando 5% dos casos, sendo relacionado principalmente a infecção ou irritação prolongada. Outro subtipo, menos frequente, porém não desprezível, é o adenocarcinoma (2% dos casos).


Os tumores vesicais dividem-se em não músculo invasivos (80% dos casos) e músculo invasivos (20% dos casos). Quando invasivo, o tumor está mais associado a uma maior taxa de disseminação para outros órgãos e um pior prognóstico.


Sintomas


O sintoma mais comum dos pacientes com câncer de bexiga é a hematúria macroscópica (sangramento na urina) indolor. Outros sintomas como aumento da frequência urinária e dor à micção também podem estar presentes.


Diagnóstico


O diagnóstico do câncer de bexiga pode ser realizado através de exames de imagem como a ultrassonografia e a tomografia computadorizada de abdome, detectando a grande maioria dos casos. O melhor exame, contudo é a cistoscopia (avalição endoscópica da bexiga com uma câmera), a qual permite analisar com precisão o número de lesões, seu aspecto, localização e tamanho. Além disso, durante este exame existe a possibilidade de realização de biópsia para confirmação do diagnóstico.


Tratamento


O tratamento do câncer de bexiga está relacionado ao grau de invasão do tumor (músculo invasivo x não músculo invasivo) e disseminação da doença. Nos casos dos tumores superficiais, não músculo invasivos, a principal forma de tratamento é a ressecção endoscópica da lesão vesical. Este procedimento tanto permite o diagnóstico definitivo quanto o tratamento da doença.


No caso das lesões vesicais músculo invasivas, a opção terapêutica consiste na realização da cistectomia (retirada completa da bexiga) com reconstrução do trato urinário, geralmente com um segmento de intestino, e linfadenectomia (retirada de gânglios) pélvicos. Quanto a reconstrução do trato urinário, pode ser confeccionada uma “nova bexiga” utilizando-se um desmembramento de segmento intestinal (neo bexiga ortotópica - derivação urinária continente) ou um desvio do trânsito de urina para a pele (conduto ileal - derivação urinária incontinente). A definição do tipo de reconstrução depende da análise de uma série de fatores e deve ser decidida entre médico em conjunto com o paciente e familiares.


Em alguns casos, pode ser necessária a realização de quimioterapia prévia ao procedimento cirúrgico, como uma forma de controle de micrometástases e redução do tamanho tumoral como forma de facilitar a realização do procedimento cirúrgico e diminuir as taxas de comprometimento das margens da peça cirúrgica.


Em doenças avançadas, metastáticas, a quimioterapia é a única opção de tratamento, embora sem oferecer possibilidade de cura.


Outra opção com eficácia inferior ao tratamento cirúrgico é a realização de radioterapia em conjunto com a quimioterapia, contudo trata-se de opção com resultados insatisfatórios com altas taxas de recidiva e devem ser colocadas como opção somente em casos restritos.


O câncer de bexiga é uma doença com alta morbimortalidade e seu tratamento envolve uma equipe multidisciplinar. O tratamento cirúrgico é o padrão ouro do tratamento desta enfermidade, contudo a maior ênfase deve ser dada a sua prevenção. Tendo em vista que trata-se de uma neoplasia fortemente relacionada ao tabagismo, o abandono deste hábito, sem dúvidas, é a melhor opção para conseguirmos realizar o controle de uma doença tão grave que atinge milhares de brasileiros.


Números e estatísticas


  • Em 2018 serão descobertos 9480 novos casos no Brasil, 6690 em homens e 2790 em mulheres;

  • Esses valores correspondem a um risco estimado de 6,43 casos novos a cada 100 mil homens e de 2,63 para cada 100 mil mulheres;

  • Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de bexiga em homens ocupa a sexta posição no ranking de maior incidência na Região Sudeste;

  • O câncer de bexiga é uma das neoplasias mais comuns do trato urinário e o nono tipo de neoplasia maligna mais incidente, em nível mundial;

  • As taxas de incidência são muito mais frequentes nos homens, de duas a quatro vezes maior do que nas mulheres;

  • Segundo o World Cancer Report, estima-se que o risco de desenvolver câncer de bexiga entre os fumantes foi de duas a seis vezes maior em comparação aos não fumantes;

  • No Brasil, ocorreram, em 2015, 2.663 óbitos por câncer de bexiga em homens e 1.240 em mulheres.

Posts recentes

Ver tudo

Commentaires


bottom of page